terça-feira, 26 de agosto de 2008

Curiosidades Olimpicas

1 – A luta de boxe entre o lituano Giardias Kulanes versus o casaque Bucetulan Yskhankara foi suspensa pelos organizadores como anti-higiênica e decadente.

2 – A medalha de Ouro que ninguém registrou: o correspondente do SporTV Oscar encestou o maior número de bostejos da história olímpica.


3 – A jogadora de vôlei argelina Lyla Aberranjanni é fazendeira e tem três grandes clitóris. Quando vai ordenhar as vacas a atleta dispensa o banquinho.


4 – O técnico de halterofilismo Zeidan Zeidando Uku, da Turquia, pesa 166 quilos: 42 no resto do corpo e 124 de testículos – o que se convencionou chamar de deformação profissional. O defeito o proíbe de fazer, porque cai da escada, o que mais gosta: pendurar cortinas.


5 – A jogadora tailandesa Bao Dai Otrank engoliu a peteca de Badminton. Os juízes reunidos resolveram, após longa deliberação, convocar uma xamã que aplicou na atleta um balde de laxativos e recolheu o ovo-peteca primordial. O ovo, que recebeu o nome de Paulo Coelho, ficará em exposição num relicário dentro do pagode chamado “Depois que Shai é Celestial”.


6 – A brasileira Siderley de Magalhães, carinhosamente apelidada, pelas companheiras, de Bigorna, nadou sozinha os 100m de costas, chegou em último lugar, mas fez sua melhor marca, quebrando o recorde de Cudamanhangaba, sua cidade natal, com o tempo de 3 horas, 49 minutos e 56 segundos cravados. Já o nadador iraquiano Ahmed Xumbad afundou, no revezamento 4 x 100, e seu corpo ainda não foi encontrado. Boatos insinuam que foi coisa da Al-Qaeda.


7 – O nigeriano Ma-Rombo Tunga distinguiu-se no salto ornamental da plataforma ao olhar pra baixo e gritar:

― Não pulo dessa porra, de jeito nenhum, sem uma cachaça pra tomar coragem!


8 – O espírito olímpico (sarava!) foi sacudido pela invasão da Rússia à Geórgia para impedir a tomada da Ossétia, não confundir com briga de fãs da Ângela Ro-Ro. Foram feitas muitas estimativas do poder de fogo dos contendores. Mas só nós, do Palmeira, divulgamos os dados reais:

Rússia

Geórgia

Tanques

23.000

128

Helicópteros

1.932

37

Armas
bacteriológicas

Desconhecidas

O corrimento do porta-voz
georgiano Shota Utiashvili

9 – O travesti brasileiro Darlene Bundschen, radicado na França (e, dizem, ex-amante do Sarkozy), infiltrou-se na equipe de nado sincronizado dos Estados Unidos e fez uma homenagem à lendária Esther Williams. Muito aplaudido. Estimativas otimistas revelam que sete mil chineses foram presos e/ou fuzilados pela quebra de segurança.


10 – No pólo-aquático, o israelense Zevi Stein andou sobre as águas e multiplicou as bolas, inclusive as de seu técnico.


11 – Acusada de usar testosterona, a arremessadora de discos Cícera Jereissati exibiu o pau para o público e foi desclassificada. O árbitro chinês, nascido em Macau, observou:

― É glande!


12 – O tibetano Dalai Odessekai saiu de Llasa correndo, com um extintor de incêndio nas mãos. Pretendia apagar a tocha olímpica. O curioso é que seu protesto não tem matiz político. Sua esposa recusa-se, terminantemente, a fazer boquete em posição de lótus.


13 – Não é verdade que o haitiano Jean Pierre Afano tenha corrido pra pegar a medalha de bronze que o sueco Abrahamian jogou no chão após ficar de quatro na luta greco-gay-romana.


14 – No pugilismo, o brasileiro Dendê de Oxolufã foi a nocaute antes mesmo da luta começar. Ao ouvir que seu adversário, filho de português com coreana, chamava-se Joa Kim, caiu na gargalhada e riu até perder os sentidos.


15 – O afegão Karzai Cabul-Ozo apareceu, no lançamento de martelo, vestido de mecânico, com sua inseparável caixa de ferramentas. Quando lhe mostraram o martelo usado na competição, exclamou:

― Deve ser foda pregar uma ferradura com isso!

Seu técnico, o bode Yskarrhar Nakhara limitou-se a um breve: “bé!”.


16 – Nós estamos na casa do cafetão da corredora americana Labrea Jackson, especialista em barreiras. Vamos ouvir Mister Black Ice Mad Snoopp:

O faturamento tá baixo, com minha garota em Pequim. Ouro é pra ganhar aqui. Pegando no pauzinho da freguesia. Desliga essa merda que eu vou cheirar uma fileira.


17 – Depois da (extra)ordinária covardia contra a Argentina, Dunga deverá voltar ao time dos Sete Anões, com Ronaldo, o Barril Fenômeno, como príncipe e o travesti Thays Siricuticarelli no papel de Flores Branca de Neve (Cândida albicans).


18 – Há que se elogiar a variedade de expressões dos comentaristas do SporTV:

― Muito focado... realmente muito focado, muito focado, é, muito focado...


19 – Estamos na casa do georgiano Burlan Karetov que passou por baixo das barreiras, nos 400 metros. A mãe dele vai mandar uma mensagem para...:

― Rússia filha da Putin!


20 – A técnica norte-americana da vara, Armária Fann Shona declarou que não estava focada porque tem um novo amor em Peroba, Alabama, e não vê a hora de voltar e botar os ninhos de pássaro pra brigar.


21 – Pra finalizar: não pensei que um time de futebol pudesse jogar de forma ainda mais burra do que a seleção do Dunga. Enganei-me. A das mulheres conseguiu, principalmente aquela defensora, se não me engano, Sandoval Sampaio, que passou o jogo todo chutando a bola da nossa área até Taiwan.

domingo, 17 de agosto de 2008

Singularidade: Samba Caymmi *

Singularidade:
Região do espaço-tempo na qual as conhecidas leis da física cessam de viger e a curvatura do espaço se torna infinita
.

(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Ed. Objetiva /2001).

Samba Caymmi. Mais do que pentear palavras, vamos deixar a idéia derreter na boca, igual munguzá, amassar a mistura com a língua no palato e sorver o sumo goela abaixo em direção ao estômago e, como é natural, aos nervos e ao coração.

Os companheiros do Projeto Heranças – alguns detratores prefeririam a palavra cúmplices – resolveram incluir, no livro, um capítulo sobre “O samba Caymmi”.

Corruptos girolhos, antes de correrem pra pegar o cacau, lero-leroriam:

– Ah, vocês distorceram um pouco o argumento?

– Olha, o Ari Barroso era locutor esportivo e torcia descaradamente pelo Mengo. E daí? Outros locutores também torcem de morrer – só que não fizeram “Aquarela do Brasil”.

Fica estabelecido: o Dorival é que inventou o gênero “samba Caymmi”. A gente só está divulgando esse importantíssimo acontecimento pra música brasileira. Torcemos de coração pro Caymmi. Apresentem alguém que não seja Clube de Regatas Caymmi e retrucaremos, convictos:

– Ali vai um tremendo filho-da-puta.

Perguntar se existe o estilo de samba acima é como duvidar da existência do vatapá. O problema está na receita: um bocadinho mais de sensualidade, uma pitada generosa de preguiça da boa, sorrisos morenos da Dora, das Rosas e da Marina (no Brasil, as louras também são morenas), roupa branca em pele escura, brisa de mar, a ousadia das jangadas, ciúmes, dengos, uma vasta dose de sacanagem, rir como quem reza em trezentas e sessenta e cinco igrejas, rezar como quem trepa, trepar como quem dança, e não parar de mexer, ôi, com paciência de esperar, até ouvir a zoada do batuquejé, e harmonizar como o canoeiro bate a rede, cantar feito o vento no alto do coqueiral.

O samba Caymmi ensina que peixinhos de feira são a prata e o ouro de Iemanjá, com sua bata desabando no ombro, caindo pro peito bem feito como acaçá. Rimou.

O samba Caymmi fugiu num Ita do Norte, encontrou o samba Noel num buteco, pedindo uma boa média que não seja requentada, em companhia de Donga, Ismael e outros bambas. É ilusão, provavelmente à-toa, mas o samba não precisa dormir pra sonhar, a não ser que aconteça, de súbito, um requebrado pro lado, que é, paradoxalmente, o resumo do abraço e da divergência. Falando em resumo:

O bem do mar é o mar.

O bem do samba é o samba.

A verdade é que quem inventou o samba Caymmi não fui eu, não fui, nem ninguém. Você quer viajar no saveiro Caymmi, no mar do Projeto Heranças? Não parece tão complicado assim, né?

Então vá...

Aldir Blanc



* Publicado no livro Heranças do Samba de
Aldir Blanc, Hugo Sukman e Luiz Fernando Vianna

Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2004