sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Novo

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

entrevista para rádio CBN.

Sábado, 18 de outubro de 2008.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Curiosidades Olimpicas

1 – A luta de boxe entre o lituano Giardias Kulanes versus o casaque Bucetulan Yskhankara foi suspensa pelos organizadores como anti-higiênica e decadente.

2 – A medalha de Ouro que ninguém registrou: o correspondente do SporTV Oscar encestou o maior número de bostejos da história olímpica.


3 – A jogadora de vôlei argelina Lyla Aberranjanni é fazendeira e tem três grandes clitóris. Quando vai ordenhar as vacas a atleta dispensa o banquinho.


4 – O técnico de halterofilismo Zeidan Zeidando Uku, da Turquia, pesa 166 quilos: 42 no resto do corpo e 124 de testículos – o que se convencionou chamar de deformação profissional. O defeito o proíbe de fazer, porque cai da escada, o que mais gosta: pendurar cortinas.


5 – A jogadora tailandesa Bao Dai Otrank engoliu a peteca de Badminton. Os juízes reunidos resolveram, após longa deliberação, convocar uma xamã que aplicou na atleta um balde de laxativos e recolheu o ovo-peteca primordial. O ovo, que recebeu o nome de Paulo Coelho, ficará em exposição num relicário dentro do pagode chamado “Depois que Shai é Celestial”.


6 – A brasileira Siderley de Magalhães, carinhosamente apelidada, pelas companheiras, de Bigorna, nadou sozinha os 100m de costas, chegou em último lugar, mas fez sua melhor marca, quebrando o recorde de Cudamanhangaba, sua cidade natal, com o tempo de 3 horas, 49 minutos e 56 segundos cravados. Já o nadador iraquiano Ahmed Xumbad afundou, no revezamento 4 x 100, e seu corpo ainda não foi encontrado. Boatos insinuam que foi coisa da Al-Qaeda.


7 – O nigeriano Ma-Rombo Tunga distinguiu-se no salto ornamental da plataforma ao olhar pra baixo e gritar:

― Não pulo dessa porra, de jeito nenhum, sem uma cachaça pra tomar coragem!


8 – O espírito olímpico (sarava!) foi sacudido pela invasão da Rússia à Geórgia para impedir a tomada da Ossétia, não confundir com briga de fãs da Ângela Ro-Ro. Foram feitas muitas estimativas do poder de fogo dos contendores. Mas só nós, do Palmeira, divulgamos os dados reais:

Rússia

Geórgia

Tanques

23.000

128

Helicópteros

1.932

37

Armas
bacteriológicas

Desconhecidas

O corrimento do porta-voz
georgiano Shota Utiashvili

9 – O travesti brasileiro Darlene Bundschen, radicado na França (e, dizem, ex-amante do Sarkozy), infiltrou-se na equipe de nado sincronizado dos Estados Unidos e fez uma homenagem à lendária Esther Williams. Muito aplaudido. Estimativas otimistas revelam que sete mil chineses foram presos e/ou fuzilados pela quebra de segurança.


10 – No pólo-aquático, o israelense Zevi Stein andou sobre as águas e multiplicou as bolas, inclusive as de seu técnico.


11 – Acusada de usar testosterona, a arremessadora de discos Cícera Jereissati exibiu o pau para o público e foi desclassificada. O árbitro chinês, nascido em Macau, observou:

― É glande!


12 – O tibetano Dalai Odessekai saiu de Llasa correndo, com um extintor de incêndio nas mãos. Pretendia apagar a tocha olímpica. O curioso é que seu protesto não tem matiz político. Sua esposa recusa-se, terminantemente, a fazer boquete em posição de lótus.


13 – Não é verdade que o haitiano Jean Pierre Afano tenha corrido pra pegar a medalha de bronze que o sueco Abrahamian jogou no chão após ficar de quatro na luta greco-gay-romana.


14 – No pugilismo, o brasileiro Dendê de Oxolufã foi a nocaute antes mesmo da luta começar. Ao ouvir que seu adversário, filho de português com coreana, chamava-se Joa Kim, caiu na gargalhada e riu até perder os sentidos.


15 – O afegão Karzai Cabul-Ozo apareceu, no lançamento de martelo, vestido de mecânico, com sua inseparável caixa de ferramentas. Quando lhe mostraram o martelo usado na competição, exclamou:

― Deve ser foda pregar uma ferradura com isso!

Seu técnico, o bode Yskarrhar Nakhara limitou-se a um breve: “bé!”.


16 – Nós estamos na casa do cafetão da corredora americana Labrea Jackson, especialista em barreiras. Vamos ouvir Mister Black Ice Mad Snoopp:

O faturamento tá baixo, com minha garota em Pequim. Ouro é pra ganhar aqui. Pegando no pauzinho da freguesia. Desliga essa merda que eu vou cheirar uma fileira.


17 – Depois da (extra)ordinária covardia contra a Argentina, Dunga deverá voltar ao time dos Sete Anões, com Ronaldo, o Barril Fenômeno, como príncipe e o travesti Thays Siricuticarelli no papel de Flores Branca de Neve (Cândida albicans).


18 – Há que se elogiar a variedade de expressões dos comentaristas do SporTV:

― Muito focado... realmente muito focado, muito focado, é, muito focado...


19 – Estamos na casa do georgiano Burlan Karetov que passou por baixo das barreiras, nos 400 metros. A mãe dele vai mandar uma mensagem para...:

― Rússia filha da Putin!


20 – A técnica norte-americana da vara, Armária Fann Shona declarou que não estava focada porque tem um novo amor em Peroba, Alabama, e não vê a hora de voltar e botar os ninhos de pássaro pra brigar.


21 – Pra finalizar: não pensei que um time de futebol pudesse jogar de forma ainda mais burra do que a seleção do Dunga. Enganei-me. A das mulheres conseguiu, principalmente aquela defensora, se não me engano, Sandoval Sampaio, que passou o jogo todo chutando a bola da nossa área até Taiwan.

domingo, 17 de agosto de 2008

Singularidade: Samba Caymmi *

Singularidade:
Região do espaço-tempo na qual as conhecidas leis da física cessam de viger e a curvatura do espaço se torna infinita
.

(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Ed. Objetiva /2001).

Samba Caymmi. Mais do que pentear palavras, vamos deixar a idéia derreter na boca, igual munguzá, amassar a mistura com a língua no palato e sorver o sumo goela abaixo em direção ao estômago e, como é natural, aos nervos e ao coração.

Os companheiros do Projeto Heranças – alguns detratores prefeririam a palavra cúmplices – resolveram incluir, no livro, um capítulo sobre “O samba Caymmi”.

Corruptos girolhos, antes de correrem pra pegar o cacau, lero-leroriam:

– Ah, vocês distorceram um pouco o argumento?

– Olha, o Ari Barroso era locutor esportivo e torcia descaradamente pelo Mengo. E daí? Outros locutores também torcem de morrer – só que não fizeram “Aquarela do Brasil”.

Fica estabelecido: o Dorival é que inventou o gênero “samba Caymmi”. A gente só está divulgando esse importantíssimo acontecimento pra música brasileira. Torcemos de coração pro Caymmi. Apresentem alguém que não seja Clube de Regatas Caymmi e retrucaremos, convictos:

– Ali vai um tremendo filho-da-puta.

Perguntar se existe o estilo de samba acima é como duvidar da existência do vatapá. O problema está na receita: um bocadinho mais de sensualidade, uma pitada generosa de preguiça da boa, sorrisos morenos da Dora, das Rosas e da Marina (no Brasil, as louras também são morenas), roupa branca em pele escura, brisa de mar, a ousadia das jangadas, ciúmes, dengos, uma vasta dose de sacanagem, rir como quem reza em trezentas e sessenta e cinco igrejas, rezar como quem trepa, trepar como quem dança, e não parar de mexer, ôi, com paciência de esperar, até ouvir a zoada do batuquejé, e harmonizar como o canoeiro bate a rede, cantar feito o vento no alto do coqueiral.

O samba Caymmi ensina que peixinhos de feira são a prata e o ouro de Iemanjá, com sua bata desabando no ombro, caindo pro peito bem feito como acaçá. Rimou.

O samba Caymmi fugiu num Ita do Norte, encontrou o samba Noel num buteco, pedindo uma boa média que não seja requentada, em companhia de Donga, Ismael e outros bambas. É ilusão, provavelmente à-toa, mas o samba não precisa dormir pra sonhar, a não ser que aconteça, de súbito, um requebrado pro lado, que é, paradoxalmente, o resumo do abraço e da divergência. Falando em resumo:

O bem do mar é o mar.

O bem do samba é o samba.

A verdade é que quem inventou o samba Caymmi não fui eu, não fui, nem ninguém. Você quer viajar no saveiro Caymmi, no mar do Projeto Heranças? Não parece tão complicado assim, né?

Então vá...

Aldir Blanc



* Publicado no livro Heranças do Samba de
Aldir Blanc, Hugo Sukman e Luiz Fernando Vianna

Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2004

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nós, do Afgalisteu

Não é difícil, na política brasileira, achar figuras que nos provoquem tanto nojo quanto Bob Jefferson, Réu-nan Cagalheiros; os inúmeros juízes ab-solventes; Silvinho Meu Calhambeque; o falso moralista – e riquíssimo (cadê a Receita?) – Crasso Jereichato; o cara de palhaço Álvaro “Peruca” Dias ou O Vazador (toma Imosec) ou Agripino “Bochecha” Maia, que considera indigno mentir, sob tortura, para proteger companheiros de ideal (como se ele falasse a verdade...). Mas como o Brasil, a exemplo do futebol, é uma caixinha de surpresas, eis que surge a excrescência de Paulinho da Força. Faz força que sai (Freud estava certo quando associou merda a dinheiro). Força, Paulinho – o que Álvaro “Peruca” não precisa fazer pra rolar cocô. Paulinho (Força) Sindical, por ironia do destino, é do mesmo PDT que perdeu recentemente um homem de bem: o Senador Jefferson Péres. Esse era uma reserva moral de fato, ao contrário do que dizem de Jarbas “Fodam-se os Escrúpulos” Little Bird.

O deputado Paulinho – não confundir com Huguinho, Zezinho e Luizinho, embora nós sejamos patos – sujou a barra sindical que já é, faz tempo, pau de galinheiro. Ele, fazendo força, disse que seu nome aparecia, no inquérito sobre corrupção junto ao BNDES, 3 (três) vezes. Revendo direitinho as contas, verificaram que Paulinho não sabe somar, o que não é novidade. Seu nomezinho surge das sombras apenas 75 (setenta e cinco) vezes, o que deve ser um recorde até para a dupla, ainda solta, Mamaluf & Pittanic. Já o advogado do Pestinha, desculpem, Paulinho, argumenta:

- Grampos são apenas interpretações.

Sacaram? Você ouve uma fita:

- Tem que lembrar dos 10% do Paulinho!

- Certo. Já foi feito.

Ora, pode ser uma conversa sobre novenas rezadas por beatas para proteger o Frei Galvão do sindicalismo: 10% de todas as Aves Marias são do escrotinho, perdão, Paulinho. Que gente maldosa!

Esse é um dos maiores problemas brasileiros: perdemos completamente a confiança em nossos políticos. Que antipatriótico de nossa parte! Só por causa dos Anões do Orçamento; dos Mensaleiros, dos sucessivos presidentes daquela Casa de Tolerância e seus imbróglios, das vacas às mixarias pro restaurante funcionar; só por causa do escândalo envolvendo cartões corporativos; do Bob Jefferson dizendo na CPI : “Peguei 4 (quatro) milhões e não digo onde estão. Mato essa nos peitos”. Puxa, o bufão de opereta tem tetas maiores que as exibidas pela infeliz atriz norte-americana Jayne Mansfield num baile de gala do Teatro Municipal, lá pelos idos de 1950/60. Os bancos batem recordes sobre recordes em lucros, faturando em cima de taxas imorais; ministros são afastados por corrupção; um ex-presidente do senadinho comprou galinha por novilha – um calvário, pra quem é dono de uma cidade inteira; sacas e malas com dinheiro vivo trocam de mãos (ou de patas) entre empreiteiros, lobbistas, laranjas e outros frutos da cegueira governamental; pastores evangélicos metem dólares na bíblia e culpam os filhos; assassinos óbvios, já condenados, são absolvidos depois de ameaças aos apavorados membros do júri; capangas matam por amor ao patrão. Teve até terremoto! A terra tremeu quando soube que o Corregedor da Câmara é o Inoçonso (PR-PE).

Paulinho não tem vacas e bodes, nem piranhas como o Réu-nan, ou o modesto rebanho do Roriz. Paulinho tem arapongas! Se continuar nessa batida, vai construir um porão com torturadores de confiança, sangue novo, jovens dinâmicos, nada daqueles incompetentes que explodiram até os próprios culhões no Riocentro. Bolinha, quer dizer, Paulinho, pretende pressionar Tarso Genro, que é só Ministro da Justiça, uma folha ao vento, diante das massas que Paulinho representa.

Um lobbista entrou no gabinete de Paulinho carregando a eterna mochila. Não há nada de errado nisso. Era alpinista ou estava só levando o Paulinho para Escola Ursinho Gatuno, na qual ele cursa, com notas altas, todas de 100, o primário? Paulinho ainda pretende processar a imprensa que denunciou as falcatruas do BNDES. Isso mesmo, força! Joga a fralda cagada no ventilador. Olha, pede pra tua secretária passar Drapolene nas assaduras do teu rabo preso.

Todos os envolvidos no cagalhetê se declararam inocentes mas, por vias urinárias das dúvidas, pediram habeas-corpus.

No caso da Prefeitura de Praia Grande, um contratinho de apenas 130 milhões de reais, só 1 (um) milhão foi destinado ao “custo político”. Que fique cravado nos anais de nossa história esse exemplo de propina módica, ao contrário dos exorbitantes subornos pagos por empreiteiros, ruralistas, usineiros, etc.

O BNDES não é “caso isolado”, como diziam os gorilas no tempo da ditadura. Há varreduras e vassouradas em Furnas, na Eletrobras, na Eletropaulo (será a eletro do Paulinho?!?), financeiras diversas. Os planos de saúde jogam uns barros na assepsia e matam. Imaginem que querem considerar o stent, um dispositivo que salva milhares e milhares de vidas no mundo todo em cirurgias cardíacas, uma “operação cosmética”, só pra não ressarcir o que já foi pago. É porque não é no cu deles, de onde saem os barros.

Não tem água na bica, mas somos arrastados e mortos pelo mesmo elemento em qualquer toró (não confundir com o quebra-tíbias do Fla) de merda. Ficamos engarrafados horas e, quando nos livramos, uma bala perdida nos carimba a testa com o certificado: “Conseguiram passar desta para a melhor”.

Como se não nos bastassem os combates intestinos, os defensores do Ocidente – depois dos massacres promovidos no Iraque e no Afeganistão – querem a Amazônia e nossas águas territoriais por meio de “tratados” (os índios americanos conhecem bem o resultado desses dicumentos) ou do big stick. Um babaca disse que é mole comprar a Amazônia por 50 bilhões de dólares. Além de babaca, é ladrão e/ou desinformado. Recente pesquisa da ONU, só para a área de medicamentos a partir da fauna e da flora, estimou a Amazônia em cerca de 3 (três) trilhões de dólares. Por aí, dá pra vocês verem que eles não vacilarão na hora de invadir... Em cada esquina de nossas cidades, outrora cruzamentos bucólicos, bandos de viciados fumam pedra.

Numa frase famosa, sobre a snob corrupção britânica, o escritor Graham Greene girou a metralhadora: “Se é pra isso, que venham os russos”. Nós não temos alternativas, mesmo retóricas. Que venham... que venham... O quê? Quem? O general Custer? O DEM? O PDT do Paulinho? O caralho a quatro? Delegados comprando pão, cumpridores da Lei, são executados com tiro na nuca. O primeiro suspeito, da PM, já foi queimado. Os colarinhos brancos não trepidam diante da roubalheira porque há o Supremo como última instância, que os soltará para merecidas férias em Roma, Paris, Amsterdã (essa tem haxixe em buteco, putas na vitrine e diamantes baratinhos. Pra quem já teve um ministro da Justiça com a poupança chafurdando em gemas...).

Quem está com a razão nessa selva caótica é o rubronegro Ronaldo, o Fenômeno: “Não tem cu, vai cu mesmo”, uma grande frase à qual acrescento outra, do meu afilhado Basile, num carteado do Momo:

- Salve-se quem fuder!

Mas nem tudo está perdido: vamos, com nossa criatividade e tecnologia de ponta, fabricar caças a jato. Traficantes da Mangueira, aqueles que construíram a fortaleza com seteira e tudo, já encomendaram o primeiro. Carece de fundamento a notícia de que um grupo do BNDES ligado a Paulinho estaria intermediando a compra da aeronave.

No exato momento em que termino esse textículo, dá no jornal que cúmplices de Pau-Linho tiveram passagens e estadias pagas por um prostíbulo. Não há tanta diferença assim entre lupanares e instituições financeiras dirigidas por Sacacciolas, Caymans de Sá e outros ternos de grupo e de grifes. Há ligações entre o esquema de Paulinho e a notória cadeia (que não se perca pelo nome) de lojas Marisa. Uma pergunta: porque o BNDES empresta milhões e milhões a esses antros? O triste é que, com o exemplo de Paulinho, numa das forças fundamentais na luta contra a ditadura já deve haver vários elementos pensando não em escolaridade para seus filhos, melhor saúde, lazer, distribuição de renda..., mas em como aliar-se ao trambique. Parafraseando uma citação famosa: a carne é fraca e eles não leram livro algum.

Meu mote, de várias matérias anteriores, se encerra por hoje: por que o Marcola se regeneraria.



EXXXPORTIVA

Pra aliviar um pouco o baixo-astral, uma piadinha circulando na rede:

Os jogadores do Vasco, Thiago e Jonílson, foram assaltados ao chegar em Januário (não tem santo lá). Ao receber a queixa, um policial mais avoado perguntou:

- O autor foi o Eurico mêrmo ou outra quadrilha da área?

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Palas, jabás e colarinhos

Taí uma palinha do que será meu livro sobre o Vasco, “A CRUZ DO BACALHAU”, que sairá em breve, na Coleção Camisa 13, pela Geração / Ediouro.

TCHAU, ROMÁRIO. VAI COM DEUS E AS PULGAS...

Bom, ele não é propriamente um exemplo. Seu carisma, em cavalares doses suburbanas, mistura-se com algumas atitudes mercenárias, golpes não muito limpos para conseguir aos 1.000 gols (jogou até contra canguru e golfinho de beques); lesões irresponsáveis - e até suspeitas antes de alguns jogos decisivos - quando era tranqüilamente visto, até na véspera dos embates, em animadas partidas de futivolei nas praias e festas diversas, com direito à bebida, cachorras e porrada. Dizem até que negociou pessoalmente com bandidos, onde era bem-chegado, no rapto de seu pai. Não, ele não é santo, muito menos do pau oco. Fez coisas maldosas, como colocar o rosto dos desafetos na entrada dos banheiros de seu bar, bateu boca com meio mundo, e acertou alguns tirambaços lá onde a coruja dorme, como por exemplo a debochada declaração:
- O Pelé, calado, é um Poeta...
Teve a ousadia de não ver sucessor pra seu poder de fogo, ao passo que Pelé apontou, anos atrás Owen, uma espécie de Sávio em inglês, como herdeiro de sua coroa. Talvez perseguido pelas palavras do Rei, Owen jamais rendeu o esperado e hoje tem atuações medíocres num time mediano.
O fato é que Romário foi um dos mais perigosos atacantes do futebol mundial, justamente apelidado de “dono da Área”, capaz de “levar” zagueiros, numa jinga característica que o consagraria no mundo todo, apelidada pelos espanhóis, por seu movimento, de “Rabo-de-vaca”, e que geralmente terminava em gol. O Romário que lembro é o do Vasco, o da Seleção Brasileira (foi o responsável pelo Tetra, APESAR DE PARREIRA E ZAGALO), o do PSV, o do Barcelona. Ignoro o Romário de outros times, inclusive o do Valência. Se o grande Otelo Caçador tinha o direito de conferir sempre, no placar moral das partidas, as vitórias ao seu time, ainda que perdesse de goleada, edito minhas memórias de Romário como bem quiser.
Se não fosse a forra mesquinha de Zagalo – que custou o ouro aos brasileiros – não o levando às Olimpíadas, já teríamos esse título, o único que falta à Seleção canarinho.
Para mim, Romário parou cedo. Bastava colocá-lo num canto da área, confortavelmente instalado numa cadeira de praia, isopor bem fornido de bebidas ao lado e um monte de cachorras seminuas, deitadas de bruços em cangas, ao redor dele. Atrás do gol, as Ferraris. Aparvalhados, os defensores adversários abririam os tais espaços para penetração de outros atacantes e bola no filó. Romário parou porque Edimal, o Animundo voltou? Duvido. Foi desentendimento com o Eurico? Parece que não. Jornalistas que conheço, e que entendem das finanças do clube, me garantem que se o Baixinho cobrar o que o Vasco lhe deve, lhe entregam de papel passado todo o patrimônio cruzmaltino.
Falando sério, mesmo de mau-humor, é preciso tirar o chapéu para um avante que foi artilheiro pelo Vasco (87/ 88), três vezes consecutivas artilheiro holandês pelo PSV e duas vezes artilheiro na Copa da Holanda, cinco títulos acumulados, entre 81 e 91, estrela da constelação do Barcelona, em 94, não lembro bem o que aconteceu depois, e novamente artilheiro pelo Vasco em 2000, no campeonato estadual, e por aí afora.
Apesar dos cabelos grisalhos e da tonsura de padreco, foi artilheiro, pelo Vasco, do Brasileirão em 2001 e 2005, embora seja preciso dizer, em nome da justiça, que Romário não é, como muitos pensam, o maior goleador do campeonato Brasileiro. Esse galardão pertence a Roberto Dinamite, também do Vasco, com nada menos que 190 gols.
Há torcedores – como eu – que não perdoam Romário por um fato pouco citado: ele mandou a torcida do Vasco calar a boca, vestindo a camisa de outro time. Quando voltou ao Vasco, numa acachapante vitória de 5 x 1, dirigiu-se à ex-torcida, ameaçou o gesto de “Chiuuu!” e amarelou. Cada um que faça seu julgamento. A bronca é livre. Pra mim, isso não tem perdão.
Nos dias de hoje, quando o Vasco repete atuações medíocres, o torcedor delira com um novo baixinho que seja capaz de fazer, com toques sutis, os gols da virada.
Em todo caso, para não parecer mesquinho, um ramalhete de sempre-vivas para celebrar a eternidade de Romário, mesmo porque ele não é flor que se cheire.





BRASILEIRINHOS
Lê-se diariamente nos jornais as novas/velhas mortes de brasileiros pelo Dengue, e nós descarregamos nossa raiva num inseto que apenas cumpre seu ciclo vital, ao invés de responsabilizar os políticos corruptos, os parlamentares que embolsam o mensalão, os ilustres reitores que estouram verbas e cartões corporativos com decoração sofisticada e/ou farras no exterior – quando não desviam verbas, de um lado e do outro, para se manterem no Poder.
Nesse quadro trágico, sofremos especialmente pelas crianças mortas, pelas vidas ceifadas em flor, graças ao descaramento das autoridades. As crianças mortas pelo Dengue substituíram, momentaneamente, outras assassinadas por meninos soldados do tráfico. E fico pensando se não há relação entre esse verdadeiro morticínio e dados recentes publicados nos jornais: Cerca de 300 mil crianças exercem trabalhos de semi-escravidão no Brasil. Quando aqui se fala em 300 mil, vocês podem tranqüilamente botar 1 milhão na conta. São as que se intoxicam nas carvoarias clandestinas; que trabalham com ferramentas rudimentares e perdem os dedos nas madeiras para fazer – por ironia – lápis; ou aquelas também mutiladas pelo agave, ou sisal, cujo produto final vira peças artesanais, vendidas aqui e lá fora. Entre essa legião de menores escravos há um grande número não revelado de mortos. Lembro que, na década de 80, um bandido foi caçado implacavelmente e morto: era um garoto, apelidado de Brasileirinho. Dá saudade do tempo em que brasileirinho era só um choro do Waldyr Azevedo. Logo depois, outra quadrilha de garotos aprontou, botou banca, comprou roupas de griffé, subiu na laje e, como se brincasse num São João, mandou uma saraivada de balas traçantes sobre a cidade. Pouco tempo depois, estavam todos mortos. Muito mais por vingança do que por justiça. E agora surgem estatísticas alarmantes: a cada 10 horas, uma criança é assassinada. O Ministério da Saúde relata: nos últimos 6 anos, 5.049 mortes de crianças até 14 anos.
Tudo isso nos faz esquecer a jovem que ficou paraplégica, baleada no pátio da faculdade ou a outra, assassinada nas escadas do metrô, ou o garoto arrastado pelas ruas até ficar em pedaços, no carro roubado também por “garotos”.
Cheguei a pensar numa situação surreal em que as estamparias recusariam rostos de crianças mortas em camisetas, porque a procura é maior que a oferta. A morte da vez é a da menina Isabela, atirada pela janela numa covardia tenebrosa.
Pensando em nossa consciência, tá lá, mais uma vez, o corpo da infância brasileira estendida no chão.






Faço questão de dividir com nossos leitores o e-mail que recebi, do meu primo Nei Lopes, sobre a produção musical no Brasil.

CARTA DO PARANÁ 
Toque o Brasil!



Nós, músicos e produtores fonográficos, advogados, jornalistas, comunicadores e emissoras públicas de todo o Brasil, reunidos em Curitiba, nos dias 11 a 13 de abril de 2008, sob convocação da ABMI (Associação Brasileira de Música Independente), AMAR (Associação dos Músicos, Arranjadores e Regentes), UBC (União Brasileira de Compositores) e Governo do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e da Rádio e Televisão Educativa do Paraná, refletimos sobre a atual situação da música independente brasileira e afirmamos a manutenção do termo Produção Independente como fator de diferenciação em relação à produção massificada.
Entendemos que o cenário musical brasileiro atravessa um momento esplendoroso e pujante da criação e produção musicais. No entanto, sofremos há tempo com a prática de mercado que domina o setor.
Preocupa-nos a falta de políticas públicas de fortalecimento do setor musical, relegado a uma ditadura de mercado, que define uma estética própria, de qualidade e gosto que julgamos duvidosos, baseada na obtenção do maior lucro pelo menor custo de produção, imposta de forma homogênea para todo o Brasil. Trata-se de um modelo nocivo aos interesses nacionais, que reduz a difusão da produção musical genuinamente brasileira, ignorando inclusive nossas riquezas regionais.
Entre tantos dados exaustivamente analisados, destacamos um exemplo desse descaso com a cultura nacional: durante o ano de 2007, as quatro gravadoras multinacionais que operam no Brasil produziram no nosso país pouco mais de meia centena de títulos. No mesmo período, apenas 63 gravadoras nacionais independentes colocaram no mercado 784 títulos novos.
De modo inversamente proporcional, a produção de música independente nacional ocupou apenas 9,82% do espaço de veiculação musical, contra 87,37%, na programação das rádios comerciais de todo o País.
Trata-se da imposição de um modelo de dominação cultural e monopolização do mercado da música que leva ao empobrecimento da cultura brasileira. Por meio da redução da pluralidade e diversidade de estilos e gêneros registra-se um rebaixamento da música, assim como de toda produção cultural nacional, a simples produtos descartáveis, exatamente num país reconhecido mundialmente pela exuberância de seu tesouro musical.
Para democratizar o acesso à música profissional de qualidade, garantindo o desenvolvimento da cultura nacional em base à cidadania, à ética e ao respeito aos valores mais nobres de uma sociedade, convocamos as autoridades brasileiras e a sociedade de um modo geral a refletir e apoiar os seguintes encaminhamentos:

AOS GOVERNANTES:
1. Repudiar e combater como crime a prática do “jabá” (veiculação musical paga aos meios de comunicação) como um ato lesivo à cultura nacional.
2. Desenvolver um mecanismo de aquisição pública da produção independente de música brasileira, para uso nas bibliotecas, acervos e escolas públicas como forma de desenvolver e estimular a educação musical do povo brasileiro.
3. Pelo mesmo motivo, reimplantar e desenvolver a educação musical nas escolas de todo o país, como disciplina do currículo.
4. Criar uma política de Estado em defesa dos acervos das editoras musicais brasileiras, através do IPHAN, para impedir a absorção dos catálogos nacionais por grupos estrangeiros.
5. Assumir a defesa intransigente da lei dos direitos autorais.
6. Exigir que os órgãos públicos só possam veicular anúncio publicitário, campanha pública ou outra forma de veiculação que possibilite o repasse de recursos públicos em emissoras que estejam em dia com suas obrigações legais com relação aos direitos autorais.
7. Condicionar a manutenção e renovação das concessões públicas ao fiel cumprimento da legislação, particularmente no que diz respeito ao recolhimento de direitos autorais.
8. Criar mecanismos que garantam a diversidade e regionalidade na veiculação de toda a produção musical brasileira nos meios de comunicação em geral, de acordo com os artigos 221 e 222 da Constituição Brasileira.

AOS ARTISTAS E À SOCIEDADE BRASILEIRA
1. Criar um banco de dados sonoros, em suporte digital, sistematizando um repertório nacional de música independente, destinado à sua difusão especialmente para as emissoras das redes públicas de comunicação.
2. Apoiar a PEC 98/2007, em tramitação no Congresso Nacional, que cria a imunidade tributária para a música brasileira, como forma de reconhecimento do seu papel educativo da identidade cultural brasileira, assim como já é feito com a produção editorial.
3. Apoiar a criação, fortalecimento e expansão em sinal aberto dos sistemas público e estatal de comunicação, como forma de garantir a democracia informativa no país, e cobrar que tais emissoras se comprometam a ser agentes da difusão da cultura nacional, respeitando e valorizando a cultura regional.
4. Manifestar apoio ao ECAD, condenando toda campanha iniciada como forma de enfraquecer esta organização, conquista dos artistas brasileiros, e ao mesmo tempo contribuir para que a instituição amplie e aperfeiçoe seus mecanismos de transparência e eficiência.

Para dar continuidade aos temas tratados neste encontro, incluindo a propositura de projetos em parceria com a RTVE/PR e demais emissoras públicas, os presentes decidiram manter esta forma de organização e, para isso, formaram um grupo de trabalho, composto por representantes das entidades organizadoras deste primeiro encontro - ABMI, AMAR, UBC e RTVE/PR - e da ARPUB (Associação das Rádios Públicas Brasileiras).





Do nosso Milton Hatoum, ao infelizmente falecido Edward W. Said, o livro “Porca do Sol”, de Elias Khoury, lançamento da Record, é considerado uma obra prima da literatura árabe contemporânea. De fato. Trata-se de um livro que raramente se lê. Agora, não cometam o erro de pegar “Porta do Sol” para relaxar num fim-de-semana. É um livro que se lê chorando.





No mais, é como diria o rubronegro Ronaldo Fenômeno: “Não tem cu, vai cu mesmo”.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Razão pra rir

Se vocês me perguntarem por que eu rio com um texto, fica muito difícil responder. Lembro-me que, quando o Tom Jobim morreu, eu entrei em profunda depressão, até porque minha mulher se encontrava nos Estados Unidos e eu senti muita falta daquela fiel interlocutora de vida partilhada há tantos anos. Aí, minha filha Isabel, entrou e meu quarto e me estendeu um pequeno texto do Luis Fernando Veríssimo. E lá estava:

- Invadiram a Chechênia!

- De quem?

Eu passei a rir sem conseguir me controlar e essa piada simples salvou meu dia e quem sabe a minha vida. Em outro momento, eu passava mal na sala de espera de um consultório médico. Havia uma antiga Veja na mesa de centro. Abri num cartum do Millôr Fernandes em que dois cegos passavam diante de um incêndio, e um deles comentava:

- Esse deve ser o dia mais quente do ano.

São coisas assim, inesperadas, que viram o estado de espírito do leitor, subitamente, da depressão ao riso. Por isso, tornam-se indispensáveis.

Um texto que, não sei explicar a razão, me leva até hoje às gargalhadas é o que fala de um antigo atacante chileno, Ivan “Bam-Bam” Zamorano. Espero que vocês também curtam. Saiu, há um tempão, no Estado de São Paulo.


Zamorano assaltado no Leblon

Fernan “Bam-Bam” Zamorano, que se dizia primo afastado do grande artilheiro chileno, também era bom de mira: estava envolvido em vários negócios escusos, do tráfico de armas originário da Flórida à lavagem (muito, muito mais branca que a venda da Rolls Royce) excretada pelo banco dos Pintos, passando por parabólicas virtuais e chips contra ETs, cujo cliente era o Projétil Sivam. Barrigudinho, com um bigode meio mexicano de melodrama pré-Viagra e peruca regada a minoxidil, hasta que decidan regressar, Fernan, sem favor algum, parecia um sócio e um sósia, menos queimado, do arquivo P.C. Farias. Aguardava o jogo, distraído, com um sorriso falso. Gostaria de estar com a caliente Dolores, amante, secretária, fantasma e laranja ocasionais. A sogra de camisa do Chile recordava, pelo quepe e pelo estrabismo, um coronel torturador que conhecera em Valparaíso. Bam-Bam detestava esses arroubos de agressividade improdutiva. Poder era pra acumular - como a grana, claro - na encolha, na moita. Perdido entre las tinieblas de su soledad, procurava alcançar o gelo pra outra dose de consolo quando ouviu o alarido. Que coisa! Seria o fenômeno que os jornais brasileiros viviam descrevendo, mudernos compositores baianos?

A galera adentrou o carpete, no luxuoso apê do pretenso primo de Ivan Bam-Bam Zamorano, meia hora antes do juiz apitar o começo da partida. Todos de camisa do Brasssiiilll, bandanas, apitos, cornetas, sombreros, bandeiras... Abraçando Fernan Bam-Bam Zamorano, o que parecia líder da trupe disparou:

- Aí, gente: vamos cantar pros nossos anfitriões a melô da peleja, em cima daquela musiquinha da Globo!

E bola no filó:

- Ivan Bam-Bam / tem o jeito do Tchê! / Melhor Bam-Bam / que o senil Pinochet, / mas Ivan sem o calção, piu-piu... / Chileno é bimbinha. Brasssiiilll.

Apesar da brincadeira um tanto pesada, o dono da casa comoveu-se. Que turminha alegre! Trouxeram chapeuzinhos e adesivos pras crianças, além de um belíssimo buquê de crisântemos, ofertado a sua recatada esposa, dona Claridad. O cara com pinta de chefe subiu na mesa:

- Esse papo furado de rivalidade tem que acabar! Sejamos menos racionais e mais candomblé! Brasil e Chile são assim, ó, unha arrancada e carne pisada. Muita sujeira e covardia nas duas ditaduras. E nas Malvinas, nós torcemos por vocês, pô!

Bam-Bam tentou argumentar que as Malvinas, aliás Falklands, era assunto argentino.

- Esquece, malandro! Sul-americano é tudo o mesmo lumpen. Não foi com vocês mas poderia ter sido, é ou não é? E o papel da CIA, hein? Senora, que pasa? Fala alguma coisa, minha flor. Hii, rapaziada, ela tem o bumbum da Madona! Viva o bumbum do Bam-Bam! Cumé, cumé, cumé qui é?

Aplausos. Hurras. Uivos.

O dono da casa serviu-se de mais uma dose:

- Vocês são amigos de quem mesmo?

- Da onça. Brasssiiilll! De novo, com a musiquinha Globo, pessoal!

E ripa na chulipa, afinadíssimos:

- Eu sei que tô com a draga na mão, / tu abre o cofre ou vem o rabecão: / dólar, ouro, jóias e as ações. / Somos os Penta-Ladrões!

O pseudo-parente de Ivan Bam-Bam Zamorano, apesar de acostumado a uma briga de foice no escuro junto aos membros da Comissão de Orçamento, não resistiu ao assalto. Os foliões se mandaram, vieram os policiais. Também estavam uniformizados e um tanto de porre, só que mais confusos. Desatento aos rigorosos procedimentos da investigação - que lhe custaram um quadro, um isqueiro de ouro e peças íntimas de Dona Claridad - Fernan pensava em Dolores: o chefe da gangue, alto, barbudo, lembrava muito um ex-amante que Dolores encontrara no restaurante Antiquarius, depois de um mega-show no Metropolitan. Naquela noite, no motel Oásis, Dolores jurara, sobre seu peito, beijando os lindos dedinhos morenos em cruz, que era coisa sem importância, solamente una vez... Hipócrita, perdida, vadia, galinha, fê-da-pê.

******

Depois de libertado das ligaduras verde-amarelas e da mordaça pintada com o perfil do Romário no corpo de um peixe, o porteiro do prédio, seu Zé, ex-candango, foi taxativo:

- Reconhecer, não reconheci ninguém, mas desde a construção de Brasília que eu não vejo ladrões tão animados!

Aldir Blanc


terça-feira, 4 de março de 2008

A TAL CAIXINHA DE SUPRESAS

Em terra de cego, leia-se Alfredo Sampaio, só deu Boa Vista.
Foi uma das mais injustas vitórias do futebol carioca. Só no primeiro tempo, o Boa Vista teve umas 12 (doze) finalizações a mais que o time do Vasco. Se jogar assim contra um grande, não interessa quantas caras feias o Sampa faça na “área técnica”, o Vasco vai ser goleado. E olha que, do meio pra frente, o Vasco tem as grandes promessas Alex Teixeira e Morais, além de Edmal, o Animundo, que pode ser maluco, mas é um atacante perigoso. Perguntar não ofende: pode desentupir os orelhões, antes de responder, ô técnico burro:
- O que fazem Amaral e Calixto no time titular do Vasco? Não pegam banco no Arapiraca.
Espantoso é também o comportamento da torcida: com o time tendo péssima atuação e o Boa Vista deitando e rolando, ninguém vaia, ninguém faz o merecido corinho de “burro! burro!” pro técnico. Estão quase todos conformados com a sucessão de vexames ou vivendo da lenda “o Vasco é o maior vencedor da Taça Rio”. Ora, antão loda-se!



FINAL DE CIRCO
Que se dane como e onde vai terminar a carreeeeiiira de Rolário, o Mercenário. O Flamengo, pra variar cascateando, diz que tem um projeto pronto para uma grande festa no Maracanã, onde o Padreco Baixinho fecharia a tampa, com a camisa do Fla, contra o Barcelona. Depois da festa, Ronaldinho Gaúcho, já que Ronaldo Fenômeno machucou-se, deve ser contrato por Kleber Danoninho, que dará como garantia o gás de Evo Morales. Já no Vasco, haveria um amistoso, em Januário (não tem santo lá) contra o Chelsea de Mossoró, o Baraúnas, adversário temível, seguida à comemoração de danças folclóricas com o grupo da Casa dos Poveiros. Seguir-se-á um Bacalhau à Jeurico, ou seja, estragado, e queima de puns com fósforos acesos no rego da bunda dos conselheiros e grandes gargalhadas, visto que se trata de um clube feliz pelas inúmeras conquistas recentes. Sei não, mas acho a festa do Vasco mais viado, perdão, viável.



O megartilheiro Souza, também conhecido como Souza, afirma que é a cara do Flamengo. Taí, concordo.
Enquanto acontecia esse estranho episódio do Vasco ganhar 4x0 sem merecer, o Flamengo sofria dois gols em vinte minutos do Resende, o Lyon das Agulhas Negras.
Já da pra sentir que vai ser um segundo turno infernal.



Falando em Calixto, o aguerrido lateral cruz-maltino declarou que bebia um copo de vodka antes de suas atuações na Rússia. A julgar pelo futebol apresentado, Calixto continua de porre até agora.



Dica de CD
Saiu o novo da CEJ – Companhia Estadual do Jazz, na qual meu amigo Reinaldo, do Casseta e Planeta (é, aquele mesmo) brilha no contrabaixo. Eu o estou destacando não em detrimento dos outros excelentes músicos, Sérgio Fayne no piano, Fernando Clark na guitarra, Guilherme Vianna no sax tenor e flauta e Chico Pessanha na bateria, além das participações especiais de Paulinho Trompete, Dom Chacal e outros ases. Destaquei o Reinaldo por dois motivos: porque ele e eu adorávamos o falecido Paulinho Albuquerque, que ia gostar demais do CD, e porque ser baixista vindo da carreira de humorista deve causar padecimentos parecidos com os meus, que não posso escrever crônica, conto, poema, sem tomar pela cara comentário do tipo “apesar de oriundo da música popular...”.
Pra aumentar minha alegria, está no CD minha única parceria com Moacir Santos, Jequié. Confiram. Os rapazes não estão brincando. É música pra valer, feito com esmero por gente competente e talentosa.



CENA CARIOCA
Com saudades do meu querido Lan: saco de gelo na cabeça, ressaca brutal, Mello Menezes vê com um olho só a bicha penteando a perua na tevê. Chega na rua a kombi do pão, a todo volume:
- ... temos a baguete de queijo, a baguete de alho, a baguete de orégano; temos o folheado de queijo, o folheado de lingüiça, o folheado árabe, o folheado de bacon; temos o pão francês tradicional e o mini; temos o rocambole de goiabada, o rocambole de creme, os rocamboles salgados de sardinha e de provolone; temos...
Desesperado, Mello sobe só de cueca no parapeito da janela e grita:
- Mentira! Não cabe essa merda toda aí dentro!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Privadização dos Filhos da Puta em Marcha

FHC I e II (que foi, vale lembrar, o articulador da mudança na lei para permitir reeleição), contrariando expressamente idéias que defendeu em seus livros anteriores, durante seu governo (?) privadizou em massa, sendo a mais célebre delas o incrível escândalo das chamadas Teles. O argumento era sempre o mesmo: empresas privadizadas funcionam melhor, dão mais lucro, melhoram a qualidade dos serviços e elevam o número de empregos. Apesar das promessas, uma das raras exceções que realmente cumpre a babaquice verborágica, é a Vale do Rio Doce.

Na sexta-feira dia 15, a privadizada Light (que já foi alvo de grandes escândalos e dirigida por sujeitos capazes de fazer o Corrupião Corrupto do Veríssimo corar), anunciou um corte de energia aqui na área para a realização de “melhorias”. A luz seria limada às 8 da manhã e voltaria, impreterivelmente, às 12 horas. Picas. Por volta das 15 horas, uma neta precisava usar o nebulizador para a asma e nada de energia. Teve que ser levada às pressas para o lugar mais próximo que tivesse energia disponível. Os filhos da puta conseguiram fazer a luz voltar lá pelas 18 e porrada. Por que a Light não troca seu nome para Dark? Seria muito mais coerente, não só pela claridade em si, como por sua obscura contabilidade. Enfiem uma lâmpada no cú e tenham uma noite circense, palhaços!

O Playground do Flamengo

O Vasco é a diversão suprema dos rubro-negros. Apanha sempre, entrega o ouro, não tem moral. Seu presidente, Jeurico o Piranda, faz há anos uma campanha demagógica baseada em frases estúpidas como “O que me interessa é vencer o Flamengo” e tudo que o clube lesado por ele faz é perder, perder, perder. Para delírio da torcida do Fla, teve até pênalti perdido por Edmal, o Animundo. Se bem que, dessa vez, ele tenha razão: não tinha condições físicas, psicológicas, morais, e pode-se acrescentar mais umas quinze palavras a essa lista. Edmal, o Animundo, perdeu dois pênaltis cruciais em duas disputas de campeonatos do mundo. Isso pode ser até desculpável. Na gíria futebolística, só perde quem se apresenta pra bater. Mas nada me fará engolir, nunca, Edmal ter abandonado seus companheiros já uniformizados no vestiário do Palmeiras enquanto fugia para o Rio. É preciso uma falta de comando absoluta uma estupidez de azêmola, para permitir que esse jogador cobre um pênalti àquela altura do jogo, ainda mais no Maracanã, palco de um de seus piores vexames. Mesmo que o jogador tenha pedido para cobrar, todos aqueles cavalos da Cú-missão Tétrica tinham a obrigação por simples bom senso de escolher outro cobrador. Mas assim é o Vasco. Retrocede sempre, de insanidade em insanidade, de desmando em desmando, de mordaça em mordaça, de relincho em relincho, em direção ao inevitável naufrágio com Jeurico capitaneando seus tripulantes-conselheiros eunucos. Nem vou perder meu tempo falando do Circo de Rolário, o chorão. Ele nunca está mesmo em campo...

Jeurico é uma besta quadrada – a não ser, é claro, na multiplicação de sua fortuna pessoal. O que se vê, hoje, em Januário (não tem santo lá), o que se testemunha no Complexo da Colina, chefiado (no sentido do traficante mesmo) é uma chusma de idiotas “dirigindo” porra nenhuma. Por que, até a queda de Jeurico, não tiram o V e o clube passa a se chamar Asco da Grama – amplamente pastada por seus tiranetes sob a batuta maluca do Maquiavel à Zé do Pipo, aquele que perde todas?

Chegamos às oito derrotas seguidas em decisão, mas Jeurico, megalômano, pretende bater esse recorde. Toda a sua ascensão (???) sobre as pedras de Calçada no Vasco foi mantida no refrão “vencer o Flamengo”. O resto da história vocês conhecem – e ainda perdeu dois títulos mundiais relativamente fáceis, tanto o Real Madri quanto o Coringão estavam podres, muito desfalcados no final na temporada. Nada falarei sobre o projeto Vasco-Olímpico porque, se isso for contagioso, eu posso passar a jurrar e dar coice.

Fora Jeurico, o Piranda, o maior recordista de merdas da história do Vasco!

Um PS: um sócio-remido do Vasco, de 85 anos, disse após o 2 x 1:

- Não foi um resultado tão ruim. Pior seria chamarem a gente outra vez de vice.

Isso diz bem do estado de espírito da torcida. Embora parte dela seja responsável pelo conchavos, benesses e, digamos, jetons, sob a liderança do POLIPO INEXTIRPÁVEL que está matando um time outrora grande.

Vc quer ganhar, Euricão? É simples. Monte um time de verdade, ao invés de entrar em campo com suas colchas de retalhos que, não por acaso, sempre correspondem a seus interesses pessoais.

Outro PS: Acho que, na falta de melhor opção, vou passar a ser torcedor do Coronel Bolonhesa, aquele timeco que empatou com o Flamengo em 0 x 0. Pode ser um elenco de merda, mas tem mais culhões do que os atuais serviçais d’A Tasca do Jeurico.

Para alegrar seu coração

Em breve nas livrarias meu novo livro “Guimbas” feito de frases relâmpago e histórias curtíssimas de buteco. Aqui vai, como aperitivo, uma delas:

O tal do Terceiro Olho dos místicos não está com essas bola toda. Na verdade, ele se atrofia num modesto quarto lugar. Em terceiro lugar, vem o olho que a gente carrega na nuca fitando nostalgicamente um passado que não voltará. Já na segundona estão os olhos propriamente ditos. É difícil um vida sem enxergar. A menos que o cara seja presidente do Vasco. E, pisca-piscando em toda a sua glória, jogando beijinhos pra torcida, em primeiríssimo lugar, lampeja o olho do cú, com a justa popularidade de quem dá pra qualquer um.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

CPMFODA-SE!

O governo Lula é composto de incompetentes, como prova a questão da derrota na CPMFoda-se. Ele tinha maioria, contava com aliados que não se pode desprezar nem brincando, até entre as fileiras que lhe fazem normalmente oposição: o Serra (Tucano) nem São Paulo, e o Aécio “Muro” Neves, continuando a tradição do avô, em Minas. Isso sem contar os inúmeros aliados a fim de uma baba nas chamadas emendas. Eu acho esse governo uma merda. Agora, cocô mesmo é você ser “salvo” por parlamentáveis ligados ao DEM. É mais ou menos como se você fosse assaltado e salvo por populares desconhecidos, que depois revelassem seus nomes: Silveirinha, Bob Jefferson do Mal, Cacciola, Maluf e todo o resto da canalha. É meio como sair de um exame de proctologia e notar que quem enfiou os dois dedos no seu rabo foi o Agnaldo Timóteo.

GENIAL

Alguns pedantes dizem que livros, poemas, músicas, para não falar de um assunto que conheço pouco, artes plásticas, não salvam ninguém. É mentira. Na única vez em que pensei em suicídio, o livro “Quintanares”, do Mário Quintana, me tirou fora e tive uma enorme vontade de viver. Por isso faço questão de recomendar o livro “Do Bestial ao Genial – frases da política” de Paulo Buchsbaum e André Buchsbaum, editado oportunamente pela Ediouro. Eu estava num momento muito ruim e, uma hora depois, estava me escangalhando de rir. É em homenagem aos Buchsbaums, Paulo e André, que transcrevo algumas frases:

“Nós podemos economizar 3 milhões de toneladas de arroz se pelo menos 150 milhões de pessoas adotarem o jejum.” – ex-presidente da Indonésia Jusuf Habibie.

“Pessoas pobres não são necessariamente assassinas.” – G.W. Bush.

“O crime, muitas vezes, é inevitável.” – Íris Resende, ministro da Justiça de FHC.

“Mulheres e filhos são apêndices do cidadão.” – Lula, 2004.

“Alguns sobreviveram ao terremoto de São Francisco (...) mas para aqueles que morreram suas vidas nunca mais serão as mesmas.” – Barbara Boxer, política americana.

“É hora da raça humana entrar no sistema solar.” Dan Quayle – primeiro vice de George W. Bush, sucedido por Al Gore.

“Estamos pronto para qualquer acontecimento inesperado que possa ou não ocorrer.” – Dan Quayle

“O futuro será melhor amanhã.” – Dan Quayle

“Eu estou honrado de apertar a mão de um bravo cidadão iraquiano que teve sua mão cortada por Saddan Hussein.” – George W. Bush, 2004

“Vocês também têm negros?” – George W. Bush para FHC em 2002

“Tenho planos para o futuro que ainda não sei quais são.” – Paulo Maluf

Jornalistas em conversa informal com Roseane Collor de Mello sobre suas viagens como primeira-dama. Respostas da Líder:

– Vamos passar 15 dias no Egito e depois vamos ao Cairo.

– Quero dizer aos leitores que estou, no momento, na página 48 do livro. Faltam muitas. É um alívio. Deveria ser consultado nos ambulatórios médicos, contra a depressão.

FHC chegando ao Chile para uma reunião de cúpula:

Quero dar as boas-vindas ao povo chileno!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

E já que o ritmo é samba...

Zeca Pagodinho na Gafieira

Vocês querem curtir um CD / DVD primoroso? Vão nessa dica porque na gafieira, o baile não segue calmamente. O motivo do alvoroço não é um pé subindo e alguém indo de cara no chão. Muito pelo contrário. O salão está cheio de alegria, de júbilo, de felicidade. O clima é de comemoração. Pintou no pedaço, de terno branco e piso novo, o grande Zeca Pagodinho. Veio revitalizar, com seu inesgotável poder de criação, um gênero subestimado. Os trompetes dos mestres Gesiel, Jessé, Flávio e Nelsinho tiram a surdina, mas não para abafar encrenca. Os sopros da banda soam como clarins dando boas-vindas a um raríssimo artista brasileiro, irredutível em seus princípios e convicções. Somem a esses sopros divinos os fôlegos finíssimos de Dirceu Leite, Zé Canuto, David Ganc, Zé Bigorna, Vitor Motta, Henrique Band, Zeca do Trombone , Aldivas Lima, J.L. Areas, Bocão, Leandro e Carlos Vegas.

Sem favor algum, Zeca Pagodinho é uma espécie de herói nacional, verdadeiro, sujeito-hômi, amado pelo povão porque veio de seu seio, amigo dos amigos, e porque não se deixou contaminar, graças a sua incorruptível modéstia, pelo Complexo de Pavão que afeta muitos daqueles que ascendem ao estrelato.

Só num detalhe a situação é parecida com aquela outra, descrita no samba clássico: o moço que chegou é faixa-preta em ginga, malemolência, jogo de cintura, e, acima de tudo, honestidade.

Sob a batuta do Maestro Paulão, assessorado por arranjos e regências Leonardo Bruno, Ivan Paulo, Lincoln Olivetti, Julinho Teixeira, Victor Santos, J. Moraes, Humberto Araújo, Cristovão Bastos e com a supervisão atenta do catedrático Rildo Hora, a orquestra ajuda Zeca Pagodinho a consagrar definitivamente grandes compositores brasileiros, fechando a matraca dos pessimistas de plantão que insistem em ver nossa música em baixa. Como pode estar em baixa a música se ouvimos, enlevados, com a participação Especial da Velha Guarda da Portela, “Lenço”? A Universal Music está de parabéns.

Clássicos feito “Beija-me”, “Pisei num despacho”, “Tive Sim”, dos nossos pais Roberto Martins, Mário Rossi, Elpídio Vianna, Geraldo Pereira e Cartola unem-se ao que o samba tem de mais belo e criativo no momento. Aí, sangue bom é injetado nas veias dos pés-de-valsa, o sangue dos puros-sangues Serginho Meriti, Roberto Lopes, Alamir, Claudinho Guimarães, Dudu Nobre, Wilson Moreira, o incrível Barbeirinho, Marcos Diniz, Luis Grande, meu cumpadi Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz, Canário, Nilo Penetra, Zé Roberto, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Acyr Marques, o já imortal Monarco, Francisco Santana. Parece a Seleção Brasileira de 70. Se o Parreira tivesse convocado os caras acima, a tal da sexta estrela estava no papo.

O samba é servido quentíssimo. Pudera. Na cozinha, quem está mandando ver no tempero das iguarias são os chefs Gordinho, Maia, Ura, Jaguará, Felipe D’Angola, Braga, o mago Esguleba, Macalé – tudo marinado pela base, e bota base nisso!, do piano de Alfredo Galhões, do 7 cordas de Rogério Caetano, Mestre Paulão no de 6, o bandolim de Marcílio Lopes, o baixo de Luis Louchard, cavacos de Paulinho “Galeto” e Mauro Diniz, a bateria de Jorge Gomes. Com esse plantel, até aqueles que Dorival Caymmi chamou de “ruins da cabeça e doentes do pé” querem rebolar.

No DVD, um brinde padrão-ouro: a participação histórica e bem-humorada do campeão Miltinho (Foi assim...).

Olha o Zeca Pagodinho aí, gente!

Como no samba já citado, quem está fora quer entrar, nem que seja subindo pelas paredes, quem está dentro não quer sair de jeito nenhum.

Que o Deus brasileiro, que é moreno e gosta de pagode, proteja o Zeca e resguarde o tesouro que ele representa pra nós.

E vamos tirar as damas pra dançar, sem pisar no pé nem na bola, porque o baile não pode parar. Estamos reunidos e unidos nessa Gafieira do Zeca, onde o samba de hoje é o samba de todos os tempos, o samba eterno.

Nova Era é nome de farmácia.

Aldir Blanc

domingo, 13 de janeiro de 2008

VASCALHORDA


Não vou comentar a espetacular vitória do Vasco da Gama sobre os Retirantes Árabes, ou coisa assim, pelo maravilhoso 1 x 0, jogando todo o segundo tempo com 1 a mais. O que dizer de um time que substitui Calisto por Marcos Vinícius, Amaral por Xavier, Leandro Bonfim por Rafael, Villanueva por Beto (esse foi re-contratado pelo Vasco só por ser amigo do padreco Rolário. Tem vasta folha corrida em porres na noite carioca). E ainda temos Wagner Diniz, Vilson, Jorge Luiz, Jonílson (apresentado como se fosse um astro), e o místico Alan Kardec – só faz gol por milagre. Sobram Morais, que, dizem, será vendido para a compra de Edmal o Animundo, aquele que abandona os companheiros no vestiário do Palmeiras e a promessa – promessa é dívida... – Alex Teixeira. Ver o Vasco de hoje atuar dá uma satisfação mórbida: porque constatamos o prosseguimento do trabalho de dissolução do clube pela dupla Jeurico, o Piranda e Rolário Padreco. Comentarei o jogo contra o Bob’s Burger – travado em Dubai à Merda. O virtuoso artilheiro do passado (bota passado nisso) escalou quatro zagueiros, três volantes-de-demolição à frente dos quatro pilares, dois coitados e o místico Alan Kardec, sozinho, dando de canela na pobre da bola. Kardec bem que podia jogar de cabeça para baixo, visto que ele só funciona à testa-de-ferro. Em meio ao circo, a telinha mostrou Rolário gritando instruções para a dianteira inexistente, e um cavalheiro de cabelos grisalhos, tal de Sampaio feito o subúrbio homônimo, que dizem ser o verdadeiro técnico, roxo de berrar impropérios à defesa (???) onde desluziam algumas das estrelas citadas acima, com destaque para o sempre cocô-parrudo Amaral. O tal cara que o Conca, acho que de sacanagem, recomendou, não viu a cor da bola. De vez em quando, para fingir que formavam uma Comichão Tétrica de verdade, Rolário, o suburbano de cães embranquecida, um cara parecido com o Christopher Lee, famoso por seus papéis de vampiro, e outros OVNIs olhavam papéis, pranchetas, esquemas, laptops. Num dado momento, Rolário aparece em close e conta nos dedos um, dois, três, não sei se planejando alguma tática ou mostrando que só sabe contar até aí. Os Bob’s Burguenses, vendo a moleza que era, perderam o interesse pelo jogo, colocaram reservas que não são nem banco na Alemanha, e aí o ketchup com maionese desandou de vez. Não se trata de jogar mal. Trata-se de não jogar picas, lhufas, chongas. Mas o que vimos foi além disso: o caos do stratego e brilhante negociador Jeurico, o Clausewitz à Gomes Sá, o Maquiavel à Zé do Pipo, uma esculhambação total gerada pela empáfia quando se une à estupidez. Enquanto isso, sede hipotecada, eleições adiadas sine die por recursos calhordas, todo o tipo de patifaria. Essa zona é permitida, sancionada por um batalhão de conselheiros eunucos.

Dubai à merda, quadrilha. Aquilo lá não é o Vasco da Gama, mas o resto malhado do tráfico do Complexo da Colina. Adeus, Vasco da minha infância, que botou três titulares na gloriosa seleção brasileira campeã do Mundo em 1958. Adeus, cinzas do passado.

O Bacalhau continuará carregando sua Cruz de Malta cravada na cloaca em que o transformaram – mas eu, como torcedor, tô fora até essa merda de presidência e diretoria caírem. Remember o destino de Mussolini e sua trupe de bufões...

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

MEU DISCO DO ANO: Claudette Soares: “Foi A Noite – canções de Tom Jobim”

QUE A CANÇÃO SEJA ELA

A primeira vez em que ouvi Claudette Soares cantar ao vivo, para meu deslumbramento, foi num show no Instituto de Educação, no Rio, onde eu era um cara magrelo e com a barba cheia de falhas. Eu tocava bateria num trio, desses que servem pra esquentar a platéia (ou pelo menos essa era a intenção daqueles jovens músicos...). Claudette, como sempre inovadora, vestia um pretinho básico e botas. Cantou “A Volta (Mila)”, de Menescal e Bôscoli, e eu, no meu cantinho dos bastidores, chorei. Hoje tenho 60 anos – ou seja, enquanto eu envelhecia, Claudette entrava na idade imutável das Musas. Em todo esse intervalo de tempo, ouvi Claudette e jamais consegui que a interpretação de “A Volta” não me fizesse chorar.

Claudette é dessas cantoras raras, que unem à indispensável técnica intensa emoção interpretativa. Surgiram muitas cantoras jovens, algumas excelentes, mas à possível exceção de Leila Pinheiro, não sentimos nelas aquele frêmito que Claudette nos causa: “Nunca mais vou ouvir nada assim, Claudette é única”.

No presente (e bota presente nisso) CD, Claudette transforma-se no sabiá de Tom Jobim, ou seja, com sua infinita simplicidade, uma estrela de brilho incomparável interpreta nosso maior compositor, e a emoção que me estrangula não foi a noite que provocou, não foi o mar, não foi qualquer tipo de paisagem, inútil ou não.

A voz dela soa em seu novo CD e, dessa vez, sou eu que volto àqueles bastidores onde vi, no passado/presente, Claudette: “Quero ouvir a sua voz...”.

“A Volta” é um título paradoxal – porque eu estou indo aos pouquinhos, mas Claudette firma-se onde sempre esteve, e faz isso para que todos nós, integrantes fanáticos de seu fã-clube, continuemos querendo que a canção seja ela.

Aldir Blanc, abril 2007