terça-feira, 1 de janeiro de 2008

MEU DISCO DO ANO: Claudette Soares: “Foi A Noite – canções de Tom Jobim”

QUE A CANÇÃO SEJA ELA

A primeira vez em que ouvi Claudette Soares cantar ao vivo, para meu deslumbramento, foi num show no Instituto de Educação, no Rio, onde eu era um cara magrelo e com a barba cheia de falhas. Eu tocava bateria num trio, desses que servem pra esquentar a platéia (ou pelo menos essa era a intenção daqueles jovens músicos...). Claudette, como sempre inovadora, vestia um pretinho básico e botas. Cantou “A Volta (Mila)”, de Menescal e Bôscoli, e eu, no meu cantinho dos bastidores, chorei. Hoje tenho 60 anos – ou seja, enquanto eu envelhecia, Claudette entrava na idade imutável das Musas. Em todo esse intervalo de tempo, ouvi Claudette e jamais consegui que a interpretação de “A Volta” não me fizesse chorar.

Claudette é dessas cantoras raras, que unem à indispensável técnica intensa emoção interpretativa. Surgiram muitas cantoras jovens, algumas excelentes, mas à possível exceção de Leila Pinheiro, não sentimos nelas aquele frêmito que Claudette nos causa: “Nunca mais vou ouvir nada assim, Claudette é única”.

No presente (e bota presente nisso) CD, Claudette transforma-se no sabiá de Tom Jobim, ou seja, com sua infinita simplicidade, uma estrela de brilho incomparável interpreta nosso maior compositor, e a emoção que me estrangula não foi a noite que provocou, não foi o mar, não foi qualquer tipo de paisagem, inútil ou não.

A voz dela soa em seu novo CD e, dessa vez, sou eu que volto àqueles bastidores onde vi, no passado/presente, Claudette: “Quero ouvir a sua voz...”.

“A Volta” é um título paradoxal – porque eu estou indo aos pouquinhos, mas Claudette firma-se onde sempre esteve, e faz isso para que todos nós, integrantes fanáticos de seu fã-clube, continuemos querendo que a canção seja ela.

Aldir Blanc, abril 2007

6 comentários:

figbatera disse...

Eu também sou fã incondicional da Claudette Soares; esse CD eu ainda não conheço e deve ser mesmo maravilhoso!

Maurício Meireles disse...

Que maravilha a internet! =)

Encontrei por puro acaso esse blog e já o adicionei aos favoritos.

É um prazer lê-lo, Aldir.

Anônimo disse...

Puta-que-pariu,Aldir!

Quando eu crescer que ser igual à você. Quando virá o próximo texto?

abraço

David da Silva disse...

Como diria Paulinho, tinha eu 14 anos... comprei meu primeiro radinho de pilha. Todas as tardes ouvia o programa do Alfredo Borba (Radio Gazeta AM/SP). Um dia os convidados foram o Dick Farney e a Claudete, que eu só tinha ouvido um pouquinho. Ela e o Dick contaram e cantaram coisas incríveis, e fiquei também acorrentado à garganta desta mulher incrível.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

A Claudete Soares é de um tempo em que, pra ser cantora, não era necessário ter pernas bonitas. E se as tivesse, não era necessário mostrá-las pra cantar.

B. disse...

Amigos:
Podem conferir o CD. É um milagre. A voz da Claudette rejuvenesceu e atinge extensões mais longas do que qd era moça (e já maravilhosa).
Abração,
Aldir.