sábado, 8 de dezembro de 2007

PAU NO LOMBO

Uma polêmica esquentou, via internet, alguns setores do meio artístico. Em seu blog “Buteco do Edu”, o advogado e polemista Eduardo Goldenberg deu tremenda paulada no esquema de “captação de recursos” (nome mais bonitinho pro velho golpe do balão apagado no trem da Central), de patrocínios de estatais para projetos artísticos e realização de “eventos”, etc. Se entendi direito, Goldenberg considera – e eu também – que tudo isso se transformou, na melhor das hipóteses, numa Caça ao Tesouro. Tenho amigos (ou tinha, porque toda vez que você emite opinião contrária a um determinado interesse o amigo vira o Nuvem Vermelha de machadinha atrás do seu escalpo) de um lado e do outro. Quero apenas palpitar o seguinte: se alguém num blog, artigo de jornal e quejandos, emite opiniões que outra parte considera ofensivas, basta escrever um outro texto combatendo a argumentação anterior. É simples assim. E, no caso específico do blog do Edu, tenho absoluta certeza que o direito de resposta seria respeitado. O resto é carapuça, tipo entornar o vinho vagabundo do evento na cabeça de uma inocente, e outras baixarias. Já me vi envolvido com projetos e eventos. Não gostei e fui saindo de banda. Detesto “marcelinhos” tentando promover minha vida profissional. A visão de arte desses “marcelinhos” é mais pobre que a do moço das couves na feira da Garibaldi.

Os que acharem que minha argumentação me coloca, de lança em riste, ao lado do Eduardo Goldenberg não sabem ler ou são idiotas.

PORRADA

Considero qualquer tipo de vigarice uma forma de ofensa – e, pior ainda, se o ofendido e enganado é o indistinto público, entre o qual me incluo. Então, que o camarada russo e babaca da des-Vírtua vá pra putaquiupariu e enfie a Skavruska no Kuchenco. A KGB devia ter dado um tiro na nuca desse escroto. Estou farto de pagar por um serviço que dá vários defeitos todo santo dia desde que foi instalado.

CULTURA DE VERDADE

Uma entrevista do imenso escritor português Lobo Antunes na GloboNews. Dois momentos antológicos (leiam com sotaque):

1 — Não ligo para prêmios. Seria hipocrisia dizer que não é agradável recebê-los, mas só isso. Agora veio-me o Camões, o Neruda e outros. Diabos, eu não sou um cavalo de corridas.

2 — O problema da entrevista é que o escritor mente. Perguntam-lhe: “Quem o influenciou?” e o escritor: “Joyce e Proust”. Mentira. A mim, me influenciaram o Flash Gordon e o Pato Donaldo. Na época em que, junto com Salgari e Júlio Verne, me influenciaram, Homero podia ir à merda.

EXXX-PORTIVA

Uma das vantagens de Rolário ser também técnico do Vasco é que, se o jogador não entrar, o técnico não fugirá por lesão dos jogos contra o Flamengo.


Publico abaixo, com muito orgulho, o texto-estandarte de minha sociedade autoral, a AMAR, sobre a (con)gestão do min. Gilbardo Flora, perdão, Gil à frente (e atrás) do Eme da Cultura:

A CULTURA DESAFINADA

Marcus Vinicius de Andrade

Paulo César Pinheiro

Nei Lopes

Em janeiro de 2003, a classe musical brasileira saudava a assunção por Gilberto Gil do cargo de ministro da Cultura. Naquela oportunidade, manifestávamos ao antigo companheiro - como nós, trabalhador da música - nossa esperança. De que ele, legítimo representante, como autor e intérprete, da melhor, mais rentável e mais espoliada música popular do Planeta, pusesse nos devidos lugares a cobiça truculenta das grandes corporações sobre nosso patrimônio intelectual.

Para nossa tristeza, entretanto, a conduta desse nosso companheiro à frente do Ministério da Cultura, além de contrária aos compromissos assumidos em campanha pelo hoje Presidente Luis Inácio Lula da Silva, tem sido sempre dúbia com relação ao Direito de Autor. Ora o Ministro se omite por completo, ora busca uma postura intervencionista, propugnando pela intromissão do poder público num assunto essencialmente privado que é a gestão autoral - atividade auto-sustentável que jamais dependeu de quaisquer verbas ou recursos do Estado.

O MinC precisa saber que os autores musicais brasileiros não querem nem omissão nem intervencionismo estatal. Queremos, sim, como cidadãos, é o apoio do Estado para o cumprimento da Lei e seu respaldo para as atividades legais em defesa dos direitos dos criadores. Queremos tão-somente que o Estado obedeça à Constituição e ao ordenamento jurídico, como é sua obrigação, sem que para tanto tenha de arvorar-se em interventor nos negócios privados e/ou tutor dos cidadãos.

Como parte da Sociedade Civil organizada, lamentamos que o Ministério da Cultura se omita quanto à inadimplência dos usuários: hoje, no Brasil, cerca de 40% de emissoras de radiodifusão simplesmente se negam a pagar direitos sobre as músicas que tocam. Lamentamos que esse tipo de logro tenda a generalizar-se e seja praticado até mesmo por organismos federais, estaduais e municipais, com a complacência do MinC. Deploramos que o Ministério e o Estado jamais tenham desenvolvido ações concretas para apoiar as entidades dos criadores no desempenho de suas atribuições legais, deixando-as ao completo desamparo. E que, mesmo tendo à frente um autor de respeito, o atual Governo jamais tenha feito algo para criar uma cultura de acato e cumprimento da Lei Autoral no âmbito do próprio Estado e no seio da sociedade.

No atual momento, quando países como França e Espanha empenham-se em defender e promover seus repertórios (inclusive sob o aspecto econômico), fortalecendo a gestão coletiva dos direitos autorais, causa-nos indignação ver o MinC ir no sentido oposto e propor "flexibilizações" e limites para nossos direitos intelectuais, com isso fragilizando o imenso potencial econômico da Música Brasileira. E, girando a roda da História em sentido retrógrado, propor um descabido intervencionismo estatal na gestão de nossos direitos – o que nos atinge, antes de tudo, como cidadãos e contribuintes.

Ainda que admirando o músico e autor Gilberto Gil, não vemos como não deplorar suas propostas para a política autoral no País. E como artistas conscientes de nosso papel de agentes formadores de opinião e transformadores da sociedade, vimos reafirmar nossa disposição de continuar lutando contra a espoliação da música brasileira e contra o aviltamento de suas instituições. Em todos os níveis e instâncias.

(*) Os signatários são compositores e, respectivamente, presidente, vice-presidente e diretor-secretário da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes, AMAR-SOMBRÁS.

SEM COMENTÁRIO

“A PALAVRA RENÚNCIA NÃO EXISTE NO MEU DICIONÁRIO”

Réu-nan Cagalheiros

10 comentários:

Eduardo Goldenberg disse...

Aldir: mais um golaço cravado no ângulo. Sem que tenhamos trocado palavra sobre o tema e você disse o que disse porque me conhece... Se alguém que sentiu-se ofendido com o texto (e não há razão para isso, mas cada um com suas suscetibilidades) me mandasse um email, um telefonema, qualquer troço, pleiteando o direito de dizer algo na direção contrária, evidentemente eu atenderia em respeito ao - ui! - contraditório. Abração!

Anônimo disse...

Grande Aldir,

Gol de placa.

Em breve, navegando de volta a Nantucket, fitando o mar, em silêncio, entre goles de Dewar's, falaremos mais sobre sua "criação" mais inspirada dos últimos tempos.

Saravá!
Fraga

Anônimo disse...

Bom ler as tuas opiniões, aldir. E vou avisando a gauchada que tu está de volta. Não sei se o Edu Goldenberg te entregou o jornal vaia, edição em que publicamos matéria especial e entrevista contigo. Senão, gostaria de remeter alguns exemplares do jornal, se você tiver interesse em ler. É só dizer o endereço. Abraço carinhoso, Fernando Ramos, editor do jornal Vaia, jornalvaia@gmail.com, Porto Alegre

David da Silva disse...

Acho que só a porção médico da mente do Aldir poderia explicar como um artista genial feito o Gil, pode ser uma porcaria tão frustrante quando se mete (indevidamente) na vida pública...

Eduardo Goldenberg disse...

Aldir: me perdoe... ma o compadre Fernando, de Porto Alegre, vale-se de seu espaço para te fazer uma pergunta que eu mesmo respondo...

Entreguei, sim, Fernando.

Ou você não lembra da edição - toda ela autorizada - da entrevista?!

Eu, hein!

Anônimo disse...

David da Silva,

O "artista" Gil é genial? Jura?

Aldir, mais um "marcelinho" por essas plagas ...

Saravá!
Fraga

B. disse...

Fraguinha:
Tenho orgulho de estar ao seu lado no convés.
Aldir

B. disse...

Obs:
Comentários não-assinados, que geralmente implicam em covardia, não são publicados aqui.
Aldir.

Anônimo disse...

Tudo bem, Aldir? Foi o Edu, do Tulípio, quem me disse que você escrevia num blogue.
Boa notícia.
Sobre o "Pau no Lombo": Aconteceu algo parecido comigo. Em julho de 2006 escrevi um texto sobre a Flip, e os meus coleguinhas torceram o nariz. Em março desse ano, meti a lenha no "Amores Expressos", e aí dancei pra valer. Nenhum babaca rebateu meus argumentos,simplesmente me isolaram. Ou melhor,fui "mirisolado": hoje meu nome é proibido nas redações. Vejo um monte de pernas-de-pau jogando no meu lugar,e tenho que mofar no banco de reservas. Lancei um livro de crônicas que não teve nenhuma resenha,e é claro, além de desempregado crônico, sou carta fora do baralho de bolsas ,prêmios e toda essa merda que somente um Lobo Antunes tem bala na agulha para desdenhar. Tá complicado.
Mas chega de choradeira. Queria saber se os meus livros chegaram aí?
Abraço,
Marcelo Mirisola

Anônimo disse...

Grande Mirisola,

Pois é, caríssimo, quem mandou escrever uma perfeição como "Bangalô"?

Ficou fora do grupelho de quinta categoria que, tal como numa ação entre amiguinhos (o que é aquele tal de Jose Paulo Cuenca, malandro?), distribuiu a verba do malsinado projeto "Amores Expressos", cabendo destacar que houve uma determinada autora (não lembro "sorteada" para qual das cidades) que declarou que o texto dela não importaria, uma vez que a viagem havia sido ótima.

São os projetos, os projetos...

Saravá!
Fraga